O nosso segundo dia da Travessia do Salar de Uyuni foi marcado por lugares extremamente incomuns! Passamos por rochas gigantescas esculpidas pelo vento, um cânion super profundo, uma laguna de águas negras, e, claro, vimos muitas lhaminhas no caminho.
Neste dia conhecemos também o famoso cemitério de trens e chegamos na cidade de Uyuni, que foi a base para enfim entrarmos no Salar.
Antes de ler este post, confira o primeiro: Salar de Uyuni – Primeiro dia da travessia
Pra mim, que não fazia ideia do que encontraria pela Bolívia, a travessia do Salar serviu para mostrar a realidade daquele país e nos colocar em contato direto com a cultura local.
Diferentemente dos dias em que passamos em San Pedro do Atacama, onde tudo é perfeitamente “montado” para agradar o turista, na Bolívia, em especial na travessia, tivemos a oportunidade de realmente experimentar e vivenciar a cultura andina e entender um pouco mais do modo de vida daquele povo tão sofrido.
Não sei se já falei isto em outro post, mas essa viagem vai muito além de ver paisagens bonitas. Ela acaba sendo uma verdadeira imersão no modo de vida boliviano.
Então, se você ainda está em dúvida se vale a pena o esforço, saiba que depois desta trip você voltará com histórias, aprendizados e experiências que levará para toda a vida!
Ok! Fim do “momento reflexão”. Bora para o que interessa!
Hora de partir
Como o nosso grupo estava em um mesmo quarto, assim que o despertador tocou (por volta das 7h) todos acordamos.
Foram alguns minutinhos para levantar, arrumar nossas mochilas e nos reunir no “salão” para tomar café.
Dessa vez fomos surpreendidos no desayuno. Nosso guia, o Ruben, tinha preparado panquecas!
Veja bem, meu povo: nós em um refúgio, no meio do deserto boliviano, comendo panquecas! Realmente estávamos passando bem 😎
Além das panquecas, foi servido também pães, ovos mexidos com tomates, geleia, doce de leite, suco, café solúvel, leite em pó e, é claro, o costumeiro chazinho de coca.
Após o café, demos uma mãozinha para o Ruben subir as coisas no carro.
Enquanto finalizava os últimos ajustes para seguirmos viagem, ele nos propôs que fôssemos andando e esperássemos na cancela, logo no final de Villamar.
Villamar, onde passamos a noite, é um pequeno povoado localizado no sudoeste da Bolívia, e possui cerca de 250 habitantes de etnia quéchua. Este lugarzinho está a mais de 4000 metros de altitude e sobrevive da agricultura e da pecuária.
Durante a curta caminhada, fomos observando as casas e as pessoas. Deu pra perceber o quanto aquele lugar era pobre, no sentido literal da palavra.
Já na cancela, passou uma senhora boliviana tocando um bando de lhamas. Imagina se a gente ia perder essa oportunidade:
Poucos minutos depois chegou o Ruben, nosso motorista. Ele conversou com outra chola que estava controlando a saída e a entrada dos carros no povoado, e então partimos.
Cholas ou cholitas são mulheres da cultura andina que se vestem de forma típica e mantém a tradição de seu povo. Na Bolívia é muito comum de vê-las.
Valle de Rocas
Reiniciamos então a viagem e a primeira parada do dia foi em um lugar super diferente, chamado Valle de Rocas.
Por lá existem inúmeras rochas de tom vermelho-alaranjado que assumiram os mais diferentes formatos devido a ação do vento.
Algumas são gigantescas, outras bem menores, e todas juntas formam uma paisagem sem igual.
Aqui o pessoal dá aquela viajada e começa a ver formas de coisas e bichos nas rochas. Esta grandona, por exemplo, é a rocha chamada “copa do mundo”:
Além de ficar viajando no formato maluco das rochas, outra coisa que os turistas adoram fazer neste lugar (e me incluo nesta) é escalar as pedras.
Esta atividade requer bastante cuidado! Algumas rochas são imensas, e se alguém cair de uma delas, dificilmente chegará vivo no hospital. Pensando bem, nem hospital deve existir por lá… então não caia!!!
Um pouco mais pra frente, nos deparamos com uma com formato de dromedário. E essa realmente parecia com o bicho!
Essa rocha chamava bastante a atenção pelo formato, mas quem realmente roubou a cena foi uma turista alemã que escalou a pedra e não conseguiu descer.
Ela tentou, tentou, tentou e nada… a galera se juntou pra dar um apoio moral e nada… um cara deu um suporte pra ela se apoiar e nada… alguns falavam pra ela pular, outros falavam pra ela descer escalando e tinha aqueles que sabiam que nenhuma das alternativas dariam certo 😂
Depois de alguns bons minutos de vergonha espera, um motorista gentilmente levou um 4×4 até pertinho dela e o resgate foi bem sucedido.
Moral da história: a Bolívia não perdoa! Se for subir, assegure-se de que conseguirá descer 🤣🤣🤣
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Depois do incidente, voltamos para o carro. O Ruben foi nos levando por meio de um labirinto de pedras, em um lugar chamado “cidade perdida“, até chegar em outro ponto turístico. Uma pedra que tem uma enorme janela esculpida, que dá para uma paisagem formada por uma vegetação rasteira e montanhas:
Muitas fotos depois, demos adeus ao Valle de Rocas e pegamos a estrada novamente.
Laguna Misteriosa
Lembra que no post com dicas gerais sobre a Travessia do Salar de Uyuni eu comentei que existe mais de um caminho que pode ser feito no tour do Salar de Uyuni?
Pois bem, como o Salar estava completamente alagado, o que impedia o acesso dos carros, acabou que pegamos uma rota alternativa.
Apesar de este não ser o caminho mais tradicional, posso afirmar que ele é incrivelmente lindo e até acho que o tour convencional deveria ser estendido para passar por lá também! 😀
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Em uma rota diferente, fomos em direção à desconhecida Laguna Misteriosa, também chamada de Laguna Negra ou ainda Laguna Catal.
Após meia hora dentro do carro e já em um lugar com uma vegetação mais verde, o Ruben parou o carro.
Todos descemos e ele nos explicou o caminho para a Laguna. Não tinha erro: era passar por uma pedra, pegar a direita e seguir em frente até a Laguna. Ruben indicou também o lugar em que iria preparar o almoço e nos esperar.
O caminho até a Laguna passa por uma área de grama verde e charcos. O negócio é ir com cuidado para não acabar com o pé atolado na lama.
No caminho, preste atenção nas pedras ao redor. Pode ser que você dê a mesma sorte que a gente e encontre uma viscacha tomando sol:
Andamos alguns metros tomando o máximo de cuidado no caminho até que, atrás de uma rocha imensa, demos de cara com a Laguna Misteriosa.
Naquele momento achei que tinha morrido e chegado no céu! A Laguna é cercada por paredões de pedras vermelhas. O silencio tomava conta daquela área, mesmo com a presença de alguns turistas. O lugar transmite uma paz tão grande que ninguém precisava falar nada, apenas sentir a energia de lá.
Dentro da lagoa, patinhos brancos e pretos nadavam em bandos. Ao fundo, um número enorme de lhamas pastava tranquilamente. Sentamos e ficamos conversando sobre a sorte de podermos vivenciar aquilo tudo!
Trinta minutos já tinham se passado e era hora de retornar (e almoçar!). Fizemos o mesmo caminho de volta e chegamos em umas casinhas feitas de pedras e barro e cobertas de palha. Novamente, tudo bem simples.
Em frente a uma espécie de restaurante estava estacionado o carro do nosso guia.
Entramos, sentamos em uma mesa e ficamos conversando enquanto o Ruben terminava de preparar o nosso almoço. Ali também foi a hora de ir ao banheiro (que era beeem roots), já que o próximo estava um pouco distante.
O almoço chegou e mais uma vez o Ruben surpreendeu a todos! Tinha arroz, atum com cebola roxa, saladinha com milho verde, azeitonas, pepino e tomates e, como prato principal, um escondidinho de carne. Tinha até ovos cozidos (inteiros!) no escondidinho.
De bebida, como sempre, tinha coca-cola e água.
Depois do almoço, aproveitamos o tempinho livre para explorar melhor o lugar.
Depois de tudo organizado, voltamos para o carro e continuamos a viagem.
Cânion del Inca
O Cânion del Inca é também chamado de Cânion Anaconda. O apelido deve-se ao fato de que dentro do cânion passa um rio que tem o formato de uma grande serpente.
Mais um lugar bem bonito e bem perigoso.
Para termos uma vista completa do local, a melhor pedida é seguir por uma estreita passarela e acessar um mirante que adentra o cânion.
Se você sofre de vertigem ou medo de altura, já prepare o psicológico!
Neste ponto do passeio o vento era tão forte que até fiquei com receio de que ele nos derrubasse dentro do cânion! E não tenho nenhuma dúvida de que se alguém cair lá provavelmente vai virar lenda boliviana… o lugar é muito alto!
Com aquela ventania toda, nem demoramos muito… fizemos algumas fotos e continuamos o tour!
Próxima parada: fotografar lhamas!
Mais lhamas no caminho? Por que não fazer mais uma paradinha?
Agora sim! Próxima parada: San Cristóbal.
San Cristóbal é uma cidadezinha não muito distante de Uyuni, mas com muito mais estrutura que Villamar.
No pouco tempo que rodamos pelo centrinho, encontramos um mercado, uma feirinha, uma escola, uma igreja, algumas lojas e também banheiros públicos.
Só não espere muito desses banheiros… o que encontramos foi o segundo pior da viagem. O “top one” foi em La Paz, a caminho da estrada da morte – e por mais incrível que pareça, ainda é cobrado um boliviano para podermos usá-lo!
No mercado, o pessoal do nosso grupo comprou feijões salgados (tipo amendoim mesmo) e também macarrão doce frito (que lembrava o gosto de pipoca doce)… Nenhuma das iguarias conquistou meu paladar, mas, pra enganar a fome, tava valendo.
Aqui, faço uma parada no relato pra deixar uma dica que pode salvar sua vida!
Amigos mochileiros e mochileiras, durante esta viagem, deixe sempre um fone de ouvido à mão e uma playlist legal no seu celular. Digo isto por experiência própria…
Durante toda a travessia, passamos horas e horas dentro do carro. E, o Ruben, apesar de ser um cara bacana, tinha um gosto musical que, digamos, era meio peculiar…
Ele sempre colocava uma pasta chamada “músicas folclóricas bolivianas” para tocar e repetia ela mil vezes… no final todos já estávamos sabendo a letra das canções. E olha que eram todas em espanhol!
Pra ter uma ideia do que estou falando, essa era uma das musicas que mais bombava na playlist dele:
Só no finalzinho da viagem é que o paulista que estava com a gente pediu pra colocar uma música pelo bluetooth… Ufa, nunca pensei que ficaria tão feliz em ouvir Anitta!
Cemitério de Trens
Mais 2 horas de viagem e avistamos de longe nosso destino final do dia: a cidade de Uyuni.
Mas, antes de seguirmos para a cidade, fomos para um ponto famosíssimo deste roteiro: o cemitério de trens.
O cemitério de trens é outro lugar super legal pra fazer fotos. Dá pra entrar nos trens, subir nos trens, deitar nos trens e tudo mais que a sua criatividade permitir… Pra se ter uma noção, tinha até um casal de noivos fazendo um book de casamento lá!
Ficamos um bom tempo clicando, e o resultado foi esse aqui:
A cidade de Uyuni
Com o sol se pondo, era hora de ir para o hotel comer alguma coisa e descansar.
Com muito mais estrutura que o refúgio da primeira noite, passamos a noite no Hotel Aguilar. Dessa vez tivemos uma quarto matrimonial com banheiro privativo pra chamar de nosso.
Bem, este hotel não era nenhum 5 estrelas (se tivesse uma estrela já estava de bom tamanho kk), mas tinha wi-fi (que quase não funcionava) e banho (quase) quente.
Logo que nos acomodamos, fomos até a recepção – onde o wi-fi funcionava melhor – pra entrar no site da empresa de ônibus Todo Turismo e comprar as passagens para o próximo dia.
De Uyuni, pegaríamos um ônibus à noite e seguiríamos para La Paz.
Pra nossa sorte, tinha exatamente 4 assentos bus-cama para a gente!
Bus-cama é a melhor forma de viajar de ônibus no Chile, na Bolívia e no Peru. Pagando um pouco a mais, você pode ir em uma poltrona muito reclinável e com apoio para os pés. Pra quem vai passar a noite no ônibus, sem dúvidas vale muito a pena.
Mas o que a gente não contava é que o site não iria aceitar nossos cartões. Tentamos várias vezes naquele wi-fi meio lerdo e nada. Depois de muito insistir em vão, resolvemos que a única forma era sair e tentar comprar as passagens na própria agência. Detalhe, já eram 20h e a agência fechava exatamente neste horário.
Desesperadamente Com um pouquinho de pressa, ligamos o app de GPS e fomos correndo até a Todo Turismo (que graças a Deus era na mesma rua) e tcharam! Estava fechada.
Como dava pra ver que as luzes lá dentro estavam acessas, abrimos a porta e encontramos dois funcionários já desligando tudo pra sair. Com cara de piedade, a Geisi, que desenrolava melhor no espanhol, contou nossa história triste e implorou para que eles nos vendessem as passagens.
A choradeira deu certo e a moça que estava lá abriu o sistema pra fazer a venda das últimas 4 passagens pra gente! (Obrigado moça!)
Passagens compradas, enfim poderíamos ir jantar.
Anotaí mais uma dica: sempre que você chegar em algum lugar durante o mochilão, já garanta a sua passagem de ônibus para o próximo deslocamento!
Já no hotel, o guia nos trouxe uma garrafa de vinho boliviano! Pena que era exatamente uma garrafa pra 6 pessoas rsrs 😅
No jantar tivemos de entrada uma sopa com pão, e como prato principal, peito de frango grelhado e batata frita. Rolou também uma salada de pepino, repolho, cenoura e pimentão e ainda tinha abacaxi fatiado.
Com pessoas de várias nacionalidades sentadas à mesa, comemos, rimos e conversamos.
Lembra que falei ali em cima que o banho era ~quase~ quente? Pois é! A Geisi, que tomou banho na minha frente, pegou a água mais ou menos quentinha, mas quando eu fui tomar banho a água estava um gelo. Tive que bater no quarto dos nossos amigos e, na cara de pau, tomar um banho lá 🤭
Depois deste longo dia, era hora de descansar para enfim pisar no tão esperado Salar de Uyuni.
Sairíamos bem de madrugada, assistiríamos o nascer do sol no Salar e o café da manhã seria servido no Museu de Sal.
O que rolou no próximo e último dia deste tour, você confere aqui: Salar de Uyuni: terceiro dia da travessia!
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O tour tradicional de 3 dias (saindo de San Pedro) vendido pela Denomades custa em média 168 dólares, e é operado por empresas de confiança, como a Cruz Andina ou a World White Travel. Nós pagamos 165 dólares (em 2018!), mesmo negociando um ‘desconto’ pessoalmente na agência. Confira todas as opções oferecidas pela Denomades aqui e economize tempo!
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