Dois amigos meus já haviam visitado Cusco. Eles sempre contavam histórias sobre o Vale Sagrado, Pisaq, Maras, Moray e principalmente Machu Picchu. Mas nenhum deles tinha conhecido o Vale Sul (ou Valle Sur)… Na verdade, eles nem ao menos sabiam que existiam os sítios arqueológicos de Tipón e Pikillacta!
Mas por que estas ruínas eram tão ignoradas pelos turistas? Porque quase nunca apareciam nos relatos que eu lia? Será mesmo que não valeria a pena separar um tempo para conhecer Tipón, Pikillacta ou mesmo a cidadezinha de Andahuaylillas? 🤔
Bom, teríamos 5 dias para Cusco e região, e como nosso roteiro não estava tão apertado, daria para encaixar o Vale Sul na programação.
Assim, poderíamos descobrir se todos estavam certos em deixar este passeio de lado ou se os turistas ainda não tinham descoberto o lugar e por isso não davam muita bola…
➳ Leia depois: Machu Picchu – 7 Dicas que podem salvar a sua viagem
Vale Sul na prática
Passamos 4 dias na região de Cusco e 1 dia em Águas Callientes para conhecer Machu Picchu.
Nosso primeiro dia em Cusco foi para conhecer a cidade, trocar dinheiro, fechar todos os passeios e fazer o City Tour.
Já o segundo dia separamos para o Vale Sul, um passeio bem tranquilo, em que praticamente não fizemos esforço físico.
Andamos um pouco dentro dos sítios arqueológicos sim, mas nada comparado ao sobe e desce das escadarias de Pisac (Vale Sagrado) ou de Ollantaytambo.
Então, por conta da aclimatação, uma boa dica é conhecer o Vale Sul nos seus primeiros dias em Cusco.
Na programação do tour, conhecemos os sítios arqueológicos de Tipón,
Pikillacta e a igreja de Andahuaylillas.
Sobre o Tour
O tour era daquele tipo bem turístico: micro-ônibus de excursão, pessoas de várias nacionalidades, um motorista nos conduzindo e um guia dando informações dentro do busão com um microfone.
Apesar de não curtir muito este estilo de passeio, achei que valeu a pena conhecer o Vale Sul assim.
O guia era muito bem preparado e, durante todo o passeio, foi nos explicando os detalhes sobre os lugares que passávamos. Contava sobre a cultura inca, sobre suas construções, festividades e curiosidades, dava informações sobre a comida e o modo de vida dos moradores de Cusco e das cidades da região e vez ou outra fazia uma piadinha para descontrair.
O tour foi todo feito em espanhol, e eu, que naquela altura da viagem já estava fluente em portunhol, até arrisquei algumas perguntas. 😂
Como combinado com o Fermin, o passeio iniciou-se pela manhã, mais precisamente às 8h30, e terminou por volta das 15 horas.
E como chegamos cedo, ainda sobrou um tempinho no final do dia para passear por Cusco.
Para quem quiser fechar os passeios com o Fermin também, segue o contato: WhatsApp: +51 9 8449-5553
Outra opção pra quem não quer perder tempo na cidade procurando agências e comparando preços é reservar com antecedência no site da Denomades, que oferece os passeios em parceria com as melhores agências do Peru e de outros países da América do Sul, sem cobrar mais caro por isso.
Confira todos os detalhes sobre o tour do Vale Sul, em Cusco.
Tipón
Se comparado com os outros passeios que fizemos, não nos deslocamos muito neste dia. Os sítios arqueológicos que visitamos no tour ficavam próximos a Cusco.
Nossa primeira parada, por exemplo, era Tipón, que está a menos de 25 km da cidade.
Terraços em Tipón, utilizados pelos incas para cultivo Repare como o lugar estava vazio!
➳ Leia depois: Cusco – Guia completo da cidade e principais atrações
Resumidamente, Tipón é um complexo construído pelos incas em uma colina.
Nosso guia explicou que na língua Quechua, dialeto utilizado pelas culturas andinas, a palavra “Tipón” nos remete à “fervura”.
Talvez o nome tenha sido inspirado nas águas termais que antigamente desciam nos aquedutos (e que hoje, por diversos motivos, já não estão mais quentes). Outros afirmam que o nome deriva do fato de que quando a água cai de um terraço mais alto no de baixo, ela respinga e chega a lembrar o momento em que a água está fervendo.
Mas na verdade, Tipón esconde muitos enigmas e nem se sabe ao certo se este era realmente o nome que os Incas davam ao lugar…
Logo que chegamos, nos deparamos um imensas áreas planas, cuidadosamente construídas com pedras polidas e perfeitamente encaixadas.
Entre os terraços, outras construções como escadarias, corredores e dutos de água fazem parte de toda a engenhosidade. Mais ao alto, observamos paredes robustas erguidas também com pedras.
Segundo nosso guia, a principal finalidade de Tipón também é desconhecida, contudo há indícios de que o lugar foi construído para abrigar familiares de um imperador inca.
Presume-se também que, pelos grandes terraços que compõe o lugar (13 no total) e pelos dutos que desviam a água de uma nascente e irrigam todo o complexo, provavelmente Tipón serviu como uma área experimental para cultivo de batatas, trigo, arroz e outros tipos de alimentos.
Cada terraço simulava um tipo de clima, e ali os incas desenvolviam sua forma de cultivo. Bem avançado para a época, não acha?
Diferente de todos os outros sítios arqueológicos que tínhamos conhecido no City Tour e no Vale Sagrado, Tipón estava bem vazio.
Até tinha alguns turistas, mas nada que chegava perto dos outros lugares que visitamos em Cusco no dia anterior. Ponto super positivo para Tipón!
Ouvimos as historias do guia e ainda aproveitamos um lugar bem diferente com mais privacidade. O resultado não poderia ser diferente: cartão de memória cheio de fotos! 🙂
Fuente Cerimonial Escadas e paredes feitas com pedras perfeitamente encaixadas
Na nossa visita, encontramos alguns lugares interditados, acredito que para manutenção.
Ficamos pouco mais de 1 hora em Tipón e achei o suficiente, mas talvez se todos os lugares estivessem acessíveis, seria necessário mais uns 30 minutos.
➳ Leia depois: Dicas para roteiro em Cusco
Experimentando a ‘Chuta’
Você sabe o que é Chuta? Se nunca foi a Cusco tenho certeza que não!
Eu também não fazia ideia do que era até embarcar neste passeio e pararmos em uma padaria em Oropeza, uma cidade no caminho para pikillacta.
Chuta, na verdade, é um pão gigante, feito em formato de pizza e preparado e vendido principalmente em Oropeza. Na verdade a Chuta é uma das tradições mais fortes da cidade, como uma marca registrada!
O pão possui um modo de preparo todo especial que o deixa crocante por fora e bem macio por dentro. Ele é amassado na noite anterior e descansa durante toda a madrugada. De manhãzinha o padeiro assa os gigantes pães em fornos artesanais.
Nosso tour parou em uma espécie de padaria onde pudemos ver parte do processo de fabricação da Chuta e também provar um pedaço.
Se era gostoso? Bem, não era muito diferente dos nossos pães caseiros.. então, achei gostoso, mas nada extraordinário 😅
Processo de fabricação da Chuta Chuta prontinha para ser vendida
Pikillacta
Pikillacta também é um enorme complexo de ruínas antigas.
Mas diferente dos demais sítios arqueológicos que visitamos, as construções de Pikillacta antecederam os incas, e foram construídas pela cultura Huari (ou Waris), que habitou a região entre os anos 500 até 1100 d. C.
Segundo a história, assim como os incas foram colonizados pelos espanhóis, os Huaris foram colonizados pelos incas.
Então, em meio à toda a construção Huari, existem alguns traços incas e também alguns resquícios da interferência espanhola.
Se os incas faziam tudo bonitinho, encaixando as pedras perfeitamente, os Huaris tinham uma forma de construção mais desordenada.
Eles subiam suas cidades com pedras de vários formatos e tamanhos e tijolos de adobe, que por sua vez eram feitos de barro, areia e cabelos humanos ou pelo de lhama. Como acabamento, revestiam as paredes com cal, o que tornava as suas construções branquinhas.
Bem, se você for visitar Pikillacta não espere encontrar templos e casas imensas como as dos incas, já que grande parte do território wari foi destruído pelos incas e pelos espanhóis.
Estima-se que em Pikillacta vivia uma população de mais de 10 mil habitantes.
Mas, as grandes paredes que chegam até a 12 metros de altura, já nos dão uma ideia da forma de vida das pessoas que lá viviam.
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A maioria das construções de Pikillacta foram destruídas pelos incas e pelos espanhóis Mas muita coisa ainda resistiu aos ataques e ao tempo Os telhados vistos em algumas construções de Pikillacta são simulações da forma em que possivelmente eram construídos Entre as construções são vistos longos corredores e paredes que chegam a 12 metros de altura
Demos sorte e encontramos os arredores de Pikillacta repleto de flores amarelas. Coisa linda!
Tivemos 40 minutos para andar pelos corredores e visitar as casas que formam o complexo. Imagino que se dependesse do guia poderíamos ter conhecido tudo com mais calma, só que, junto com a gente, chegou também uma chuvinha fina, que apesar de fraca, foi o suficiente para atrapalhar o passeio. ☹
Andahuaylillas
Após Pikillacta, a chuva se foi e seguimos para o último destino: Andahuaylillas, uma pequena cidade de origem inca.
Antes porém, fizemos uma parada em uma espécie de comércio, onde eram vendidos tecidos, bebidas fermentadas e comidas.
Paradinha estratégica, para movimentar o comércio local, mas que achei bem justa, já que realmente aqueles povoados tem uma vida bem simples, e a visita dos turistas ajuda no seu sustento.
Milho Culli, utilizado na produção da bebida chicha morada Tanto o milho roxo, quanto este tipo de milho com grãos maiores são fermentados para a produção de uma bebida alcoólica
Não comprei nada, apenas paguei 1 sol para usar o banheiro.
Agora sim, seguimos por estre as ruazinhas empoeiradas e chegamos em Andahuaylillas.
Lá, o ônibus parou na Plaza de Armas e o guia nos explicou um pouquinho sobre o principal ponto turístico da região: a Igreja de San Pedro de Andahuaylillas.
Em meio à um povoado simples, os espanhóis ergueram uma igreja cujo interior guarda quadros de pintores renomados e murais pintadas à mão, além, é claro, de ser todo adornada com ouro e pedras preciosas.
Para visitar a Igreja de Andahuaylillas é necessário pagar uma taxa de 10 soles.
É proibido fotografar e filmar o seu interior, mas, ao final da visitação, você receberá um CD com fotos e com a história da igreja.
Bem, sendo bem sincero, nem eu nem a Geisi somos muito interessados em igrejas e artes sacras, então resolvemos não entrar.
Detalhes da Igreja de Andahuaylillas Por fora a Igreja é simples, mas por dentro possui riquezas como peças de ouro e quadros valiosos
Aproveitamos este tempinho para perambular por uma feirinha de artesanato que estava rolando na Plaza de Armas. Este sim é nosso tipo de passeio haha.
#Dica: se você também não quiser conhecer a Igreja neste tour, nas proximidades existe o Museo Ritos Andinos.
Este Museu é simples mas traz em seu acervo múmias (entre elas a de uma criança inca) e também crânios alongados, que podem ser resultado de uma deformidade na estrutura óssea provocada propositalmente pelos próprios incas, ou de alienígenas. Vocês escolhe no que acreditar.
Ao término da visitação, retornamos para Cusco já cansados e com fome. Na cidade escolhemos um restaurante para almoçar e depois passeamos pelo centro.
O terceiro dia estava reservado para um tour bem especial: O Vale Sagrado!
E aí? Valeu a pena conhecer o Vale Sul, em Cusco?
Para mim, o passeio valeu a pena sim!
Visitar as ruínas incas sem um monte de turistas ao redor e ainda ter a oportunidade de conhecer um sítio pré-inca foi uma experiência bem legal.
Acredito que o Vale Sul fique de fora da maioria dos roteiros por falta de tempo dos turistas apressados que passam por Cusco…
Afinal, apesar de o Vale Sul ser um passeio interessante, acho que as outras atrações da região devam ser feitas com prioridade. Não dá pra não conhecer o Valle Sagrado, as ruínas de Cusco e muito menos Machu Picchu.
E se você curte natureza, talvez seja uma boa também priorizar as Montanhas Coloridas e a Laguna Humantay.
Então Vale Sul deve ser encaixado em um roteiro de quem tiver mais tempo na cidade, como foi o nosso caso.
Sobre o Boleto Turístico
Para visitar Tipón e Pikillacta é necessário ter o Boleto Turístico de Cusco.
Se você não sabe o que é e como funciona este Boleto, confira o post Boleto Turístico de Cusco: o que é e porque você precisa dele, onde damos todos os detalhes.
Onde ficar em Cusco?
Na nossa opinião, hospedar-se nos arredores da Plaza de Armas é a melhor pedida.
Por lá existem diversas opções de restaurantes, mercadinhos, lavanderias, casas de câmbio, fora a proximidade de diversos pontos turísticos.
Normalmente os preços costumam ser melhores quando a reserva é feita com antecedência, por isso não deixe pra última hora!
Abaixo, sugerimos algumas opções de hospedagem, divididas por faixa de preço:
Pra quem quer economizar
Primeira sugestão: Nao Victoria Hostel – este hostel oferece quartos compartilhados e privativos, café da manhã e é nota 9,4 no Booking*!
*fevereiro/2019
Foto divulgação – Booking Foto divulgação – Booking
Segunda sugestão: Hotel Casa Campesina – essa foi a nossa escolha! Você pode conferir o review completo da nossa hospedagem aqui. Spoiler: vale super a pena!
Pra quem quer conforto
Primeira sugestão: Cooper Hotel – um hotel novinho e super bem localizado – fica a apenas 700 metros da Plaza de Armas! Mas o maior destaque com certeza vai para o café da manhã, suuuper elogiado nas avaliações do Booking!
Segunda sugestão: Hotel Plaza de Armas – por que ficar próximo à Plaza de Armas, se você pode ficar NA Plaza de Armas? O hotel ainda possui um café no andar superior, com uma vista da praça de tirar o fôlego!
Pra quem quer luxo
Belmond Hotel Monasterio – este hotel pertence à mesma rede do Copacabana Palace, preciso dizer mais alguma coisa? hahah
O hotel funciona nas instalações de um antigo monastério, com decoração clássica e todo o conforto que um 5 estrelas pode oferecer!
➳ Leia também: Onde ficar em Cusco – Guia de hospedagem
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1 Comment
Prezados.
Obrigado pelo relato. Será útil para minha próxima viagem ao Peru.
Apenas seria importante corrigir uma coisa. Os Wari não foram destruídos pelos Incas.
Na verdade qdo o império Wari ja estava colapsando , foram os Chancas que deram o golpe final, invadindo a capital perto de Ayacucho.
Apos séculos , os Incas derrotaram os Chancas e então iniciaram seu império, que abrangeu uma área parecida com a do império Wari. E depois ampliada.
Dizem até que a tecnologia inca veio dos Wari que sobreviveram ao ataque dos Chancas.
É isso. Mais uma vez obrigado por compartilhar roteiros e informações.