Quando compramos as passagens para a Tailândia, uma das primeiras coisas que me veio à cabeça foi que aquela seria a oportunidade perfeita para ver de perto os elefantes asiáticos. Sou apaixonada por animais e a possibilidade de ficar frente a frente com um grandalhão desses e quem sabe dar até umas voltas nele me deixava super empolgada!
Comecei então a pesquisar na internet lugares na Tailândia onde eu poderia realizar esse sonho. Procurei vários tipos de agências e parques, li sobre os festivais de elefantes e também sobre os passeios oferecidos pelas ruas de cidades como Chiang Mai e Ayutthaya.
Só que, depois de tanta pesquisa, descobri que andar em um elefante na Tailândia não era algo tão legal assim…
Em blogs de viagem, sites de agências e ONGs de proteção animal fui descobrindo que, para um elefante aprender a pintar quadros, fazer massagens, arremessar dardos ou praticar outras atividades assim, eles são submetidos a um “treinamento” cruel, que é motivado e financiado pelo dinheiro dos turistas.
Imagino que o motivo para tantas pessoas ainda sustentarem esse tipo de turismo é a pura falta de conhecimento. Afinal, eu mesma desconhecia essa realidade.
Mas, se a sua intenção ao visitar a Tailândia é conhecer estes gigantes de olhar gentil, acho que é muito importante ler este post para entender melhor como funciona o turismo com elefantes no país e poder fazer a melhor escolha na hora de contratar um passeio que envolva este tipo de interação.
Informações rápidas sobre os elefantes asiáticos:
Existem cerca de 2000 elefantes selvagens na Tailândia;
Os elefantes asiáticos são uma espécie em extinção;
Estima-se que a população de elefantes asiáticos tenha diminuído em pelo menos 50%, desde 1900;
Após a proibição da exploração madeireira no país, em 1989, a maioria dos elefantes utilizados na atividade acabaram sendo explorados na indústria do turismo;
60% dos elefantes da Tailândia estão em cativeiro e 60% destes são utilizados no turismo.
Phajaan – a verdade sobre o treinamento de elefantes
O uso de elefantes como ‘atração turística’ ocorre em vários países asiáticos. Porém, poucas pessoas conhecem os métodos utilizados para que eles deixem uma pessoa monta-los ou para que aprendam truques.
Para domar um elefante selvagem, os filhotes são separados de suas mães (que por vezes acabam mortas) e confinados em pequenas gaiolas ou buracos no chão, onde mal podem se mexer. Depois disso, são torturados, perfurados com ganchos afiados em áreas muito sensíveis, como orelhas, no tronco e nos pés. Ficam dias sem água, sem comida e sem dormir. Esse procedimento é conhecido como ‘Phajaan‘ ou “The Crush“, que significa “quebrar o espírito do elefante”.
Muito tempo após o confinamento, seus laços familiares são extintos e os ‘mahouts‘ – salvadores dos elefantes – os libertam, alimentam e hidratam. Após isso, os mahouts passam a ter o controle psicológico desses animais.
Para manterem constante controle sobre os elefantes, os mahouts utilizam correntes e bastões com um gancho na ponta, conhecidos como bullhook. Este bastão é utilizado para ferir o animal nas costas, na cabeça e nas orelhas. Alguns recebem golpes nos olhos também e chegam a ficar cegos.
Um pouco desse processo triste e doloroso pode ser visto neste vídeo e nesta foto. Um aviso: são cenas muito fortes.
Turismo com elefantes na Tailândia
Como disse, infelizmente muitos turistas ainda financiam esse tipo de turismo no país. Alguns, mais preocupados em garantir a melhor ‘selfie’ em cima desses animais, ignoram a triste situação dos elefantes, outros o fazem por falta de informação.
O que muita gente não sabe, é que apesar do tamanho, os elefantes possuem costas delicadas.
Especialistas afirmam que elefantes adultos suportam no máximo 100kg, por até 4 horas por dia; mais do que isso, pode causar deformidades e lesões permanentes na coluna dos animais.
O atrito dos bancos amarrados nas costas, que chegam a pesar até 90kg, podem causar ainda bolhas e infecções. E ainda, o terreno por onde eles andam, sob o sol escaldante do país, pode queimar seus pés.
Muitos elefantes são forçados a fazer ‘passeios’ sob essas condições por até 12 horas por dia.
Leia tudo sobre Ayutthaya.
Interação Social
Os elefantes são muito parecidos com os humanos. Eles socializam, são emocionais, empáticos e assim como grandes macacos e golfinhos, possuem a habilidade rara de se reconhecerem em um espelho.
Eles vivem em grupos sociais altamente desenvolvidos, onde celebram os nascimentos e choram os falecimentos. Separar um elefante do seu rebanho causa um trauma de separação tanto na família quando no animal capturado.
Elefantes que se conhecem jovens e se encontram anos depois, se reconhecerão e tocarão suas trombas como forma de cumprimento.
Além disso, eles reconhecem quando um indivíduo está em perigo. Pesquisadores observaram elefantes removendo lanças e outros objetos estranhos dos feridos, demonstrando que também são capazes de fornecer ajuda.
A decisão está em suas mãos
O treinamento brutal de elefantes é praticado no Sudeste Asiático há centenas de anos. E é a demanda por passeios em elefantes que fazem com que mais bebês elefantes sejam retirados de suas famílias, torturados e vendidos para o ‘entretenimento’ de turistas.
Com todas estas informações, está nas mãos de cada um de nós dar um fim a esse tipo de exploração animal e promover cada vez mais o turismo sustentável e ético.
Santuários de Elefantes na Tailândia
Se conhecer de perto um elefante estava nos seus planos, não desanime! É possível interagir de forma responsável com esses animais na Tailândia.
Existem diversos parques espalhados pelo país, conhecidos também como santuários, onde turistas podem se aproximar dos elefantes, alimenta-los, dar banho e caminhar com eles.
Em sua maioria, os animais desses santuários foram resgatados de circos, campos de trekking e outros lugares onde eram explorados, mas agora vivem em grandes fazendas com outros elefantes, são bem alimentados e não sofrem mais.
As visitas a esses lugares são importantes para ajudar a mantê-los, já que um elefante, em apenas um dia, bebe até 190 litros de água e passa aproximadamente 16 horas do dia se alimentando. Eles consomem de 90 a 270kg de comida, ou seja, é MUITA coisa!
Por agora, vou indicar alguns Santuários espalhados pela Tailândia. Mas, antes de se decidir, leia, pesquise, se informe! Escolha com o coração e prepare-se para uma das experiências mais emocionantes da sua vida!
Elephant Nature Park – Chiang Mai
Fundado na década de 90, o Elephant Nature Park está localizado em Chiang Mai, a aproximadamente 60km da cidade. Há muitas opções de passeios guiados, tanto de dia inteiro como de meio dia. Além de elefantes, o parque possui cães, gatos e outras espécies de animais que também foram resgatados.
Boon Lott’s Elephant Sanctuary – Sukhothai
Situado fora da aldeia de Baan Tuek, a uma hora do aeroporto de Sukhothai, o não oferece passeios de um dia devido a sua localização – é necessário dormir no local. Além de elefantes, o parque também abriga cães.
Fundada em 2001, a ONG resgata e reabilita diversas espécies de animais selvagens. O parque oferece passeios de meio dia e dia inteiro, além de diversas opções em projetos de voluntariado.
Nós fizemos um passeio de dia inteiro no Elephant Nature Park (ENP), e contamos tudo sobre essa experiência aqui: Elephant Nature Park, um Santuário de elefantes na Tailândia
Leia também
Voluntariado Com Animais (Sudeste Asiático) – por blog Tripping Unicorn
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10 Comments
Emocionante saber tudo isso. Estou a procura de um santuário para ver elefantes e seus textos foram muito importantes para me ajudar a decidir! Gratidão. Que essas informações se dissipem e mais turistas sejam conscientes das suas escolhas, pelo fim da escravidão animal.
Oi Clarisse! Fico MUITO feliz que o post tenha te ajudado a decidir!
Infelizmente a exploração animal na Ásia ainda é muito comum, mas acredito que muitos turistas acabem frequentando essas ‘atrações’ por não saberem realmente o que acontece.
Nós pesquisamos muito antes de decidir onde teríamos esse contato com os elefantes e foi inesquecível. Tenho certeza que você também vai amar! <3
Quando fui a Ayuttaya… Fui ate o posto dos elefantes e fiquei chocada. Não é so o calor e o peso. Eles ficam acorrentados, sem agua, sem comida (la eles vendem pepinos para os turistas alimentarem, então eles precisam estar com fome para pegar comida da mão dos turistas). Os animais estavam acorrentados pelo pescoço sem poder sentar ou movimentar… Visivelmente estressados. E pra terminar, quando saímos, o treinador veio com uma foice de ferro batendo na cabeça do animal para forçar-lo a obedecer. É mais que cruel. E eles fingem que não entendem inglês…. Inglês so funciona para alugar o passeio.
Nossa! É bem triste mesmo! Em Ayutthaya, a gente viu alguns elefantes também. Mas fizemos questão de nem chegar perto deles.
É uma pena que este tipo de exploração e maus tratos aconteça por lá… infelizmente, enquanto tiver público que apoie, isso não vai acabar…. 😢
Excelente texto!! Como é triste saber que isso existe e que os turistas alimentam essa exploração animal em troca de fotos. Por outro lado, apoiar um local que resgata e cuida desses animais é importantíssimo. Parabéns por divulgar essa informação!
Muito legal seu relato. Encontro poucos textos relacionado a esse delicado assunto. A clareza com que você passou s informações com certeza ajudará a muitos na hora de escolher sua experiência. Parabéns.
Excelente post, muito bem explicado sobre o tratamento que eles recebem para fazer coisas que não são da vida deles.
Sou cada vez mais contra o uso de animais como atração turística e, se depender de mim, esse tipo de atividade não vai adiante.
É isso aí, precisamos informar as pessoas e conscientizá-las sobre essas atrocidades.
Um post de utilidade pública!
Oh!!! Quanta maldade em nome de algumas fotos e uns minutos de experiência! É chocante!
Por outro lado é bom saber que já existem organizações e pessoas preocupadas em resgatar e cuidar desses animais. E considero obrigação nossa, como viajantes, turistas exercer este papel: pesquisar, conhecer, recusar-se a fazer parte deste drama e buscar alternativas que suportem as boas ações.
Além disso, propagar as informações, assim como você fez. Texto excelente! Parabéns!
Sensacional, Ge (posso te chamar assim?). A conscientização é muito importante. Tirar uma foto em elefante deve ser muito “legal”, mas não imaginamos que pra isso ele tenha que sofrer tanto.